Muito se vai discutindo sobre a construção do hotel de luxo no Mosteiro de Alcobaça.
Infelizmente, a ausência estratégica que caracteriza os últimos tempos do Concelho, vem permitindo reduzir o tema a sermos “contra” ou “a favor”, tornando-nos “bons” ou “maus” conforme a perspetiva, como se fosse possível ser contra a evolução.
O mais importante é discutir o essencial: mercado, tipo de hotel, dimensão, características, meios e quando construir, tipologia de investidores a privilegiar e enquadramento num plano estratégico de desenvolvimento, não apenas turístico, que sabemos não existir.
É neste âmbito que devemos debater e ver esclarecidos muitos aspetos, desde logo, o significado de “luxo”: se tão só assegurar a dignidade que o local impõe; ou apostar num luxo que o tornará inacessível à maioria de nós.
Também, se valerá a pena avançar antes de resolvidos problemas como os das ruínas da rua D. Pedro V ou do gaveto entre as ruas 16 de outubro e Alexandre Herculano, das casas deterioradas, da ausência de uma rede de restauração ou de uma oferta turística globalmente organizada.
Isto é, não avançar antes de pensar, conscientemente, no que está a acontecer ao centro histórico.
Esta discussão, antes de qualquer decisão, deverá contribuir para uma participação alargada na construção de uma estratégia que sustente a bondade do projeto, mas como componente do desenvolvimento integrado de Alcobaça, e não como mais uma medida avulsa da navegação à vista em que vivemos.
Quanto a mim, o desenvolvimento de Alcobaça não pode resumir-se a uma querela em que, conforme as perspetivas, somos transformados em “bons” ou “maus” e não encontro razão para o reduzir a ser “contra” ou “a favor”, inviabilizando a consideração de tantos contributos que só podem valorizar qualquer decisão a tomar.
E neste assunto, como em todos os que requerem ponderação e consenso, temos de alterar rapidamente a mentalidade instalada.