Candidato do PS à Câmara de Alcobaça, José Canha, na primeira entrevista de uma ronda aos cabeças de lista nas eleições autárquicas de 2013.
PERFIL
Nome: José António de Sousa Canha
Data de nascimento: 10 de abril de 1947
Naturalidade: Chiqueda
Formação Académica: Engenheiro Agrónomo, com formações adicionais no estrangeiro nas áreas da Economia, Recursos Humanos, Engenharia e Finanças
Atividade profissional: Aposentado da Administração Pública (antigo Diretor Regional de Agricultura e Pescas de Lisboa e Vale do Tejo), Diretor Executivo da Portugal Cresce, Consultor Internacional a Nível do Desenvolvimento Regional e Empresário Agrícola
O que o leva a candidatar-se? É a pessoa certa para representar o PS de Alcobaça?
É uma coisa natural. Quando uma pessoa está ligada à política há 25 anos, sempre prestando serviço a Alcobaça e ao Partido Socialista, chega o tempo certo de pôr o que sabe ao serviço da sua terra. Agora posso fazer uso de todas as experiências e competências que adquiri ao longo da minha vida profissional. Tenho uma formação académica longa e internacional, sei como funciona uma autarquia, fui vereador, membro e presidente da assembleia municipal. Hoje em dia ser Presidente da Câmara exige competência. Gerir pessoas e obras foi a minha vida ao longo da minha atividade profissional.
Consigo o PS vai ganhar a Câmara de Alcobaça? Não o preocupa a tradição social-democrata do eleitorado?
Como se costuma dizer, “prognósticos só no fim do jogo”. Eu tenho consciência que Alcobaça é um concelho do PSD. Mas as pessoas conhecem-me, sabem o que tenho feito e que tenho uma proposta capaz. A vida política em Alcobaça está um pouco baralhada, mas as pessoas saberão fazer a distinção. A tradição não me preocupa, o que me preocupa é que o PSD caminhe para um neoliberalismo com que não me identifico. Já com a social-democracia, tenho alguma proximidade e apreço.
O que faz um bom político?
Dizer a verdade! Ser competente, ser honesto, falar com as pessoas; ter capacidade de ouvir e, acima de tudo, sentir os problemas das pessoas. Costumo dizer que ser político é fazer negócios de pé. Hoje em dia tudo se faz por e-mail, mas nos meios rurais ainda se negoceia de pé. É olhos nos olhos que se tomam decisões; a política não se faz no gabinete. Isto significa ouvir coisas que, às vezes, não se quer ouvir, mas também criar afetividade.
Considera importante que um político tenha uma carreira e atividade profissional para além da política?
Sim, é enriquecedor. Sempre houve medo de meter os empresários na política, pois estes poderiam “puxar a brasa à sua sardinha”. Não penso assim. São precisas pessoas que conheçam a vida e os setores. Isto ajuda a trazer valias para a política e para a resolução de problemas. Mas onde traçar a linha entre os interesses públicos e os privados? Aí o importante é a justiça funcionar. É claro que há compadrios, mas nem tudo será feito de forma criminosa. Agora quando se passa o risco, a justiça tem de atuar.
Como avalia o mandato de Paulo Inácio à frente da câmara?
Aquilo que ouço da parte das pessoas é que é um mau exemplo. Ouço inclusive a pessoas que votaram nele: “Como foi possível que o Dr. Sapinho tenha deixado tanta coisa por fazer e ele não tenha aproveitado o que ele lhe deixou de mão beijada?”. Partilho desta opinião e não percebo porque se diz que não havia dinheiro. Não é o caso, mas mesmo que fosse, a Câmara tem um património de capacidade de intervenção a nível do território e das pessoas… é utilizá-lo! Em reuniões de Assembleia Municipal pergunto sempre qual é a estratégia de utilização dos recursos, mas não há estratégia, tapa-se aqui e ali.
(Leia a entrevista na íntegra na edição em papel de 13 de junho de 2013)