Agradecemos ao P. Ricardo, de partida ao serviço da Igreja.

Desde o início, Deus interpela-nos a desinstalarmo-nos e a fazer caminho: “O Senhor disse a Abrão: ‘Deixa a tua terra (…) e vai para a terra que Eu te indicar’” (Gn 12, 1). Bem-aventurados os padres e consagrados que aceitam sucessivamente partir para chegar mais perto do destino de todos, que é Deus.

Por estes oito anos da sua vida que dedicou ao nosso serviço, agradeço ao Padre Ricardo, certamente também em nome de muitos paroquianos, assinantes e leitores. Como coordenador-geral d’O ALCOA, o acompanhamento que deu ao jornal não poderia ter sido mais próximo, regular e empenhado. Quinzena após quinzena, o Padre Ricardo fechava connosco a porta da redação após o fecho de edição, habitualmente noite fora. Chamou a si as tarefas de administração do jornal e envolveu-se de forma liderante, orientando, dando ideias e soluções, sempre disponível para pensar connosco o jornal e as nossas iniciativas.

Quero ainda agradecer-lhe o seu testemunho marcante a vários níveis. Sem exibição, o Padre Ricardo preocupa-se mais do que expressa e ajuda muito mais do que sabemos. É uma pessoa muito generosa, o que fui vendo em pequenas e grandes coisas. Custodiou de forma ímpar os bens da paróquia e, com um notável desapego pessoal aos bens materiais, angariou fundos e empenhou-se na conservação de peças e imagens do Mosteiro de Alcobaça, contrariado pelo Estado, que se apossou de (quase) tudo o que nos é sagrado, como até mesmo o nosso sacrário. Caluniado em praça pública com rocambolescas acusações, nunca lhe ouvi um adjetivo sobre a pessoa que ali sistematicamente e em tudo o que pode limita a ação da Igreja, apoiada por uma tutela jacobina e a opinião pública maioritariamente anticlerical. Calou os agravos, não diz mal, transmite paz pela forma serena como fala das questões pessoais e alheias.
“Teu Pai, que vê o que está oculto, recompensar-te-á” (Mt 6, 6). Muito obrigada, Padre Ricardo!