Os Canteiros da Benedita IV

João Luís Maurício
Professor de História aposentado

Quando saíam da escola primária, levados pela mão do pai, os jovens iniciavam-se na profissão. Começavam a realizar as atividades mais simples. Passado mais de um ano, recomeçavam o trabalho com o cinzel.
A verdadeira mecanização das oficinas beneditenses começou há uns sessenta anos, quando chegou a luz elétrica. José Mateus foi presidente de Junta de Freguesia entre 1960 e 1968. Concedeu uma entrevista ao jornal “Pórtico” (16/05/1997). Aí diz que “quando tomei posse do cargo, apenas tinham eletricidade a sede de freguesia e o lugar da Ribafria. No fim do mandato, toda a freguesia estava eletrificada, exceto a Mata de Cima, que tinha só dois moradores, e a Charneca do Casal do Guerra (zona das pedreiras) que, por motivos absurdos dos Serviços Municipalizados de então, só foi eletrificada em 1970”.
Os Canteiros da Benedita eram especialistas em fazer pias para conservar as carnes em salmoura. Faziam, também, cantarias para as portas e janelas das casas. As suas obras de arte eram as “Pedras de Era”, que ainda se encontram numa ou noutra casa da freguesia. Deviam ser preservadas. Ficavam por cima da porta principal das habitações. Tinham forma quadrangular ou em retângulo, onde estavam gravados o ano de construção, as iniciais do proprietário e símbolos da sua profissão.
Muitas das campas mais antigas do cemitério da Benedita foram feitas por canteiros locais: a chamada arte funerária.
As máquinas, hoje, são sofisticadas e substituíram os velhos canteiros beneditenses. Longe vão os tempos em que utilizavam o picão – um martelo em ferro aguçado, em ambos os lados que serviam para fazer os roços.

João Luís Maurício
Professor de História aposentado

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

PRIMEIRA PÁGINA

PUBLICIDADE

Publicidade-donativos

NOTÍCIAS RECENTES

AGENDA CULTURAL

No data was found