Uma das grandes vantagens de se viver numa terra pequena (claro que também existem desvantagens, mas prefiro concentrar-me nas oportunidades) é vivenciar e sentir como pequenas coisas, são, na verdade, grandes. Uma lente mais atenta consegue captá-las: aquele concerto gratuito, longe de grandes enchentes; a visita a um local ainda turisticamente pouco conhecido, a proximidade do espaço de transição entre a casa, o trabalho e a escola dos miúdos. E posso continuar… Uma caminhada guiada, uma sessão de leitura ao ar livre ou uma feira do livro, que há 20 anos ajuda a divulgar e a promover livros e autores locais, como a Feira do Livro do Externato Cooperativo da Benedita (ECB). Uma iniciativa que, apesar das dificuldades, continua a fazer o seu papel. Longe da dimensão de uma Feira do Livro de Lisboa ou do Porto, a Feira do Livro do ECB cumpre a sua função. Através dela promove-se a cultura e a leitura da população, permitindo a mesma equidade, estejamos na cidade, na vila ou numa aldeia, graças à vontade e dedicação de quem a organiza; talvez por isso resista e persista há duas décadas.
É neste contexto que se eleva o papel das tais «pequenas coisas». Tão certo como outro projeto que damos a conhecer nesta edição d’O ALCOA, o grupo intergeracional “Alma Jovem”. Um conjunto de 23 elementos, dos 12 aos 52 anos, que na paróquia do Vimeiro dá outra dinâmica a algumas celebrações. Tal como nos «ensina» o nome, com uma «alma muito jovem» procuram passar dinamismo, diversidade e alegria para a comunidade, promovendo convívio entre os jovens da paróquia e vigararia, mas também auxiliando em diversas celebrações. Esta iniciativa é um bom exemplo de como as pequenas ideias, os gestos singelos e a participação desinteressada ajudam a contribuir para uma melhor sociedade, para a felicidade daquele território e daqueles que nele vivem. As tais «pequenas coisas» que quando olhamos para elas e as sentimos, compreendemos que são, na verdade, imensas.