Pessoal e transmissível

Ana Caldeira
Diretora do jornal O ALCOA

São três notas pessoais de notícias públicas que partilho.

Na entrevista do Papa Francisco transmitida esta semana na televisão portuguesa, foi para mim marcante a sua referência múltipla ao Espírito Santo como «condutor» da igreja, bem como a sua referência à nossa «região alargada»: “Para mim, Portugal é Fátima”. Como, para mim, Fátima é o meu céu na Terra, muito me tocou essa sua afirmação, que ligou à sua devoção mariana.

Faço nota de outro homem muito sábio, notícia pelo seu 100.º aniversário, a 6 de setembro, no dia em que escrevo este editorial. Adriano Moreira foi meu professor durante dois anos e o mais sábio que tive. Foi uma surpresa a minha primeira aula com ele. Imaginava-o distante e muito professoral, mas disse-nos: “Quando precisarem do telefone de algum professor, peçam à telefonista e, se algum não gostar que lhe tenham telefonado, digam-lhe que aqui no ISCSP, os professores atendem sempre os alunos”. Explicou-nos também o que queria dizer “licenciados”: os mestres do Renascimento disseram ao Papa que tinham discípulos a quem já tinham transmitido todos os seus conhecimentos e, então, o Papa deu-lhes o título de ‘licenciados’: tinham licença para estudar sozinhos. Disse-nos: “É isso que vieram aprender aqui: a estudar sozinhos; quando estudarem, espero que digam: ‘o professor não tem razão; eu vejo isto de uma maneira totalmente diferente do raciocínio que ele apresentou na aula”. Sabia de tudo tanto e falava de tudo de uma forma superinteressante. Nas aulas, às vezes, eu olhava à volta e estávamos todos deslumbrados, não se ouvia «uma mosca». Passaram mais de 30 anos e tenho na memória tantas afirmações e explicações suas. Foi notícia no país e uma memória muito grata que revivi.

Emoções bem diferentes tive ao ler uma reportagem do jornal “Público” sobre o Pinhal de Leiria e os alertas de abandono, de árvores plantadas que secaram sem novo cuidado de plantio, de infestantes. O Instituto de Conservação da Natureza e Florestas serve para quê? “Portugal é Fátima”, Portugal deve ser luz e não cinzas, não isto.

Ana Caldeira
Diretora do jornal O ALCOA

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