Em época celebrativa dos 800 anos da mudança dos monges de Cister para a abadia nova de Alcobaça e dos 800 anos da primeira recriação do Presépio por São Francisco de Assis em Greccio, surge mais um «número redondo»: os 850 anos da chegada dos restos mortais de São Vicente a Lisboa. Bem presente no coração da cidade e de todo o Patriarcado, o mártir nascido em Saragoça, é um exemplo e um estímulo.
Vicente desempenhou a sua missão de diácono na sua terra natal, em finais do século III e princípios do IV. Em tempos de violenta perseguição à Igreja, foi aprisionado por se recusar a renunciar à fé cristã e por não dar a conhecer o local onde se conservavam os livros de culto da Igreja. Foi, então, encaminhado para Valência, onde veio a suportar as mais inimagináveis torturas e angústias. Acabou por falecer às mãos dos seus algozes. Como nos revela a fé, venceu com Cristo. Foi, na Igreja dos primeiros tempos, um testemunho para todos e a sua memória litúrgica é celebrada pelo mundo inteiro. O corpo de Vicente foi devotamente sepultado em Valência, onde veio a ser edificada uma igreja. E os tempos foram passando. No século VIII, com o domínio árabe, levanta-se forte perseguição aos cristãos naquela região. As relíquias do mártir são assim transportadas para aquele lugar que é hoje conhecido como o Cabo de São Vicente, em Sagres. Mas como vieram elas parar a Lisboa? Diz-nos a lenda que com a tomada de Lisboa D. Afonso Henriques decide trazer as relíquias para Lisboa. Isto em 1173. Conta ainda que teriam chegado pelo mar e que a acompanhar vinham dois corvos. Esta imagem consta hoje do brasão da cidade: o rio, a nau e os corvos. Atualmente, as relíquias de São Vicente repousam na Sé Patriarcal.
É de facto uma honra estarmos rodeados por figuras de santidade. De perseverança e entrega. Sejamos nós hoje a marcar a diferença no mundo. Deus conta connosco.