A escalada de preços da energia coloca inúmeros desafios às indústrias da região. A Trofal, empresa de calçado beneditense, a Jomaze , indústria de cerâmica da Póvoa, e a NBS Moldes, fábrica de moldes de Pataias, são algumas das firmas que se deparam com estas dificuldades.
Na Trofal, o custo mensal da energia subiu “em média 17%”, destaca Sofia Couto, responsável pela Trofal, a’O ALCOA. No entanto, têm sido implementadas medidas para os custos não serem tão altos como, por exemplo, a “substituição de equipamentos de grande consumo por outros com tecnologia diferente e de baixo consumo e o controlo rigoroso no consumo da energia”. Ainda em fase de estudo, esta indústria de calçado tem interesse em “instalar painéis solares, mas o custo é elevado e não existem, de momento, apoios só para estes produtos”, anuncia Sofia Couto. A escalada dos preços da energia reflete-se numa “subida do custo do produto final, sem que o cliente o aceite de bom grado”, remata.
Um “aumento bastante significativo na fatura da energia, concretamente na ordem dos 300%”, avança Nuno Graça, gestor de exportações da Jomaze. A somar à subida dos preços das “embalagens, de diversas matérias-primas, desde o vidrado e pigmentos, e do custo de transporte”. Ainda assim, é o preço do gás a causar um impacto maior, do qual “estamos completamente dependentes”. A consequência direta manifesta-se no “aumento do custo de produção”. Neste sentido, a fábrica de cerâmica decorativa tem “repercutido os preços no produto final, havendo uma baixa de margem de lucro da nossa parte e do cliente”, explica. Apesar de alguns consumidores se “queixarem, é a solução para minimizar o impacto”. Por outro lado, há clientes que “entendem, mas que negoceiam”. Em paralelo, uma outra medida é “fazer a peça com o mínimo de retoque para cozer menos vezes, e assim, gastar-se menos gás”. Contudo, “nem sempre o conseguimos fazer”. Nuno Graça lamenta o facto de o “Estado não apoiar pequenas e médias empresas nesta questão, mas estar a apoiar empresas grandes, como a Galp e a EDP”. Ainda assim, o responsável pela Jomaze deixa uma mensagem de esperança: “esta não é a primeira crise que atravessamos; os empresários portugueses são resilientes, vamos arranjar soluções e contornar a situação”.
Saiba mais na edição impressa e digital de 9 de junho de 2022.