ROTA ESTRADA D. MARIA I / D.MARIA PIA – Jornadas Europeias do Património | Associação Recreativa e Cultural da Maré, Turquel

Lúcia Serralheiro
Terra Mágica das Lendas

Na foto, a encosta da Serra dos Candeeiros com a branca capela a meio. Construiu-a em 1922, Zé Sapateiro, em cumprimento de uma promessa. Em primeiro plano à esquerda a Oliveira, que lhe foi dedicada em 25 de março deste ano. Ao seu lado, o inox no totem espelha os seus verdes ramos sem idade, e deixa ver o código QR, que nos leva às suas raízes, bem como às da Maré, Associação que há décadas é a promotora da centenária Festa da Capela da Serra ou de N.ª Sr. ª da Nazaré, como aponta a tabuleta, o caminho a subir para a Capela. Importante é que esse caminho nasce na Estrada D. Maria Pia, aí no Covão do Milho, que passa no sopé da Serra, paralela ao IC2 a partir do km 88. Vem do outro lado do IC2 da Charneca do Rio Seco. Até esse ponto a Estrada D. Maria Pia corre à sua esquerda, vindo à saída do Alto da Serra sob EN1, que a soterra e continua sob o IC2 até à freguesia da Benedita, mas reaparece o seu traçado original perto onde antes eram os Carvalhos da Violante, Arrochata. Continua paralela à IC2, passa aos Candeeiros, Estalagem / Venda, Lagoa de Frei João e Charneca do Rio Seco, que pertence a Turquel, mas tem o nome do rio que nasce na Benedita. Corre de sul para norte e no lugar das Redondas, no inverno as águas transbordavam e faziam uma maré. Daí o nome Associação da “Maré”, porque está construída ao lado do fosso desse rio Seco… António David Carvalho, presidente dessa associação e José Costa Tereso, sócio n.º 1, falaram à Terra Mágica das Lendas, na Rádio Benedita FM, no âmbito das Jornadas Europeias do Património, este ano de 2023, dedicadas ao tema “Património Vivo”. Entre outras memórias explicaram a história da Capela, as suas festas de antes e de agora, que versam na mensagem do totem desta Rota Estrada D. Maria Pia, que inauguraram no dia 23 de setembro pelas 11h00 da manhã. A Estrada Real não tinha muito movimento e as pessoas, que viviam do trabalho nos campos, aproveitavam esse espaço para o encher de matos, que se ia pisando e transformando em estrume para adubar os terrenos. Daí que em 1796, cinco anos após o Alvará de D. Maria I para esta Estrada Real Lisboa Porto, se publicou um Regulamento, que diz: «os mesmos operários servirão de guardas das estradas, não consentindo que nelas se ponham matos, estrumes, pedras, lenhas, madeiras […] porque todo o referido, embaraça a passagem e contribui para a ruína das Estradas». Contudo, as estradas tão úteis e necessárias trouxeram e trazem ruína à vida das pessoas, como depois da EN1 nos anos 60 que passou sobre percursos da Estrada D. Maria Pia, rápida para o Norte, porém muito perigosa a atravessar. As pessoas vendo carros ao longe não sabiam calcular se essas velocidades os apanhariam na estrada e morreram muitíssimas. Uma mulher do Covão do Milho voluntariou-se a passar com segurança as crianças, que iam para a escola do outro lado na Lagoa das Talas. Um dia voltou atrás para atravessar uma última criança e foi ela que morreu. É no Café Zé Bolacha nas Redondas que se conversam e aprendem muitas histórias desta Rota. No domingo, dia 24 de setembro, ouvimos lá a entrevista gravada na Rádio, que no final deste trabalho vai ser publicada. Esta parceria entre Associações locais, J. F. e o Fórum Terra Mágica das Lendas, regista e partilha memórias pelo código QR instalado no Totem e na imprensa regional. Protege e transmite o património local às novas gerações, informando-as das suas raízes, como alertam as Jornadas Europeias do Património. São o nosso Património Vivo. Agradecemos às associações locais: Relgráfica, Julipedra, Icel, junta de freguesia e comunicação social.

Lúcia Serralheiro
Terra Mágica das Lendas

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