S.O.S. Património. “Memórias de Várias Vilas e Terras dos Coutos de Alcobaça”

Foto por DGPC

O cronista-mor dos Cistercienses de Portugal, Frei Manuel de Figueiredo, descreveu o que encontrou ao percorrer os coutos de Cister. Com edição d’O ALCOA, esses apontamentos que o cisterciense recolheu em 1780 e 1781 resultaram agora na publicação de “Memórias de Várias Vilas e Terras dos Coutos de Alcobaça”, pelo historiador Gérard Leroux, que juntou anotações de natureza histórica, bem como por sua observação, de enorme valor.
Agora, O ALCOA dá início a uma série de artigos de contextualização da obra. Em 2020, que património ainda está de pé, qual carece de urgente intervenção, o que já desapareceu?

A primeira destas viagens começa por Aljubarrota. O cronista começa por referir o pelourinho, quinhentista. Classificado como Imóvel de Interesse Público desde 1933, este necessita, segundo José Lourenço, presidente da Junta de Freguesia de Aljubarrota, “de intervenção e restauro, para lhe retirar alguns bocados de cimento”. O autarca diz que já enviou uma proposta para a Direção-Geral do Património Cultural, aguardando o parecer para avançar.

Pelourinho - Aljubarrota

A primeira a ser mencionada, a Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres está também classificada como imóvel de interesse público desde 1959. Com características únicas e vários estilos – românico, gótico, renascentista e barroco – devido às sucessivas intervenções, a igreja precisa de reparações na cobertura. “A madeira deveria ser substituída, uma vez que algumas traves se apresentam corroídas por organismos, que podem vir a danificar os altares de talha dourada”, disse a’O ALCOA o Padre Adelino Guarda, pároco de Aljubarrota. Para além desta, também a Igreja de São Vicente, fundada em 1549 no local onde outrora existiu uma ermida do século XII, precisa de substituição do telhado. A Capela de São João Batista, em Olheiros, classificada como Monumento de Interesse Público, em 2012, com o atual adro e o talude de assentamento também incluídos nesta classificação, “necessita de uma intervenção na cobertura e de reboco das paredes interiores”, nota também o pároco. As outras capelas na paróquia estão, acredita, “bem conservadas”.

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Na viagem de Frei Manuel de Figueiredo, há também referências a quintas. A Quinta do Inglês, ou das Inglesas, localizada junto ao IC9 e perto da Riba Fria, pertencia a um sobrinho do Bispo de Viseu, D. Ricardo Russel, e terá permanecido nas mãos de seus descendentes até final do século XIX. Atualmente já nada resta. Também perto se encontrava a Quinta de Vale Meninos, situada no limite da freguesia com a de Alcobaça, e que pertencia ao desembargador Joaquim Pereira de Mendonça; com a ermida de Nossa Senhora da Encarnação, desaparecida. Propriedades que segundo o presidente de junta estavam “nas mãos de particulares e já nada resta dos edifícios”.
Localizada na Ataíja de Cima, junto ao IC2, a mais importante era a Quinta do Santíssimo, cujos vestígios são vulgarmente conhecidos por Casa do Monge Lagareiro ou Lagar dos Frades. A produção de azeite desta quinta servia para alimentar as seis tochas que ardiam, em permanência, diante do altar-mor da igreja do Mosteiro de Alcobaça, daí a sua designação. O edifício foi classificado como Imóvel de Interesse Público em 1997. Cada dia que passa mais deteriorado, na fachada ainda de pé, vê-se um brasão setecentista da Congregação de Alcobaça, de estilo rocaille.
Vamos continuar a deixar cair? Leia a obra e fique a saber mais sobre o património da sua terra. O 1.º passo para a sua defesa!

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