Quando, ainda menino, meus pais me mandaram estudar para Lisboa, constatei rapidamente que ser de Alcobaça era sinal de orgulho. Os meus novos colegas e amigos da capital admiravam a então vila que me viu nascer. Cartaz turístico, sinal de História, de Arte, de Coutos, o Mosteiro, sinal ainda de boa fruta e de bons produtos hortícolas, da Fervença ao Valado. Mas Alcobaça foi perdendo estatuto, e nem a elevação a cidade fez inverter os sinais de relativo apagamento. E bem sabemos que os sinais, tal como os símbolos, constituem muitas vezes a génese dos povos e das povoações. O traçado das novas vias de comunicação rodoviária a que assistimos nas últimas três décadas, autoestradas, IPs e ICs, nunca contemplaram verdadeiramente Alcobaça, até este ano.
A cidade tem continuado a ser servida apenas pelas velhinhas estradas dos anos quarenta do século passado. Até a A8 lá ficou a mais de cinco quilómetros, a servir a cidade através da velha estrada da Nazaré. Agora, finalmente, há o IC9. É bom sinal, é sinal de que Alcobaça começa a ser recolocada no mapa. Por falar em sinais: a sinalização de trânsito existente em Portugal deixa muito a desejar, é insuficiente e insatisfatória. Alcobaça tem sido exceção, com razoáveis sinais urbanos.
Com o IC9 porém, voltámos à pobreza informativa, à falta de sinais. Aos automobilistas que pretendam dirigir-se à Nazaré, por exemplo, é “escondida” a indicação daquela via rápida. É só para quem sabe. Na rotunda sul, da variante de Caldas da Rainha, não há sinal. Na rotunda das Freiras, idem. Na rotunda do hospital, também não há sinal. Como não há indicação na rotunda da estrada de Leiria, que dá acesso ao IC9, pois as placas Nazaré/Maiorga e Lisboa/Porto (IC2) só aparecem mesmo no início da via. É só para quem sabe. Também relativamente à parte sul do concelho, o único sinal de proximidade é o da Benedita. Porque é vila? Mas Turquel também é vila e de Turquel nem sinal… Sabemos que muita destas placas informativas são da responsabilidade da Estradas de Portugal. Mas a Câmara Municipal tem sempre a possibilidade de um alerta de… sinalização. De contrário, continuará a haver falta de sinais – e isso é mau sinal.