“Turquel é um povo trabalhador, todos se esforçam e todos dão a mão”

Foto por Sara Vieira

PERFIL

Nome: José Costa Tereso
Data de nascimento: 18 de junho de 1944
Profissão: Empresário agrícola (reformado)
Naturalidade: Turquel
Quando entrou em funções: 16 de dezembro de 2012
Porquê ser autarca: Em anos anteriores já tinha sido presidente de junta. Agora, neste mandato, estava como secretário de junta e sendo o número dois, entrei em funções devido ao falecimento do ex-presidente de junta. Sempre gostei de trabalhar com a população.

ORA DIGA LÁ…

Um país: Cabo Verde
Um livro: “Os Lusíadas” de Luís Vaz de Camões
Uma música: Popular portuguesa
Um filme: O Último Comboio de Gun Hill
Um político: Francisco Sá Carneiro

Turquel

População: 4563
Primeiro presidente de junta: Luís Tinta Galinha
Última obra inaugurada: Parque de merendas e a ampliação do cemitério

Ainda que esteja em funções apenas desde dezembro, que balanço faz do seu mandato?
O balanço é positivo. Eu já fazia parte do projeto “Turquel não pode parar” e estava dentro dos assuntos. Agora foi e é dar continuidade a esse trabalho.

Qual é a maior dificuldade?
A maior dificuldade são sempre as condições financeiras. Porque Turquel é uma freguesia com muitas despesas e poucas receitas. É uma freguesia grande, com 40 quilómetros quadrados, com grandes redes viárias, que precisam de ser reparadas e algumas feitas de novo. Enfim, há sempre uma despesa grande.

Como é que a junta faz esse equilíbrio financeiro?
Não é fácil. Não havendo não se pode fazer. Vamo-nos encolhendo. Fizemos um grande investimento na maquinaria toda de tratores. Vamos tapando uns buracos até haver dinheiro para mais. Temos de dar o apoio às pessoas como podemos. No que não podemos, reencaminhamos as pessoas para o Centro Social e Paroquial de Turquel, que dá uma resposta muito positiva.

E o que falta fazer em Turquel?
Temos em vista e ainda antes da festa da vila, que decorrerá nos dias 1, 2 e 3 de junho, o alcatroamento de duas ruas no centro da vila: a Rua da Luísa, em frente ao mercado, e a Rua Gracinda Gertrudes Freire, que é paralela a essa. Pensamos ainda em alcatroar o parque do Hóquei de Turquel. Estas são obras muito precisas… o centro da vila está cheio de buracos. É uma melhoria que as pessoas necessitam e a junta sabe que é necessário. O que é preciso e necessário é também a requalificação urbana de Turquel. O centro escolar de Turquel foi prometido e não foi concluído. Alguma coisa correu mal… a obra esteve adjudicada ao empreiteiro. Acontece que a câmara teve de tirar esse dinheiro para pagar outras obras e agora estamos na estaca zero.

E neste momento o Centro Escolar de Turquel é uma necessidade?
Sim, claro. Se não for feito um centro escolar, porque não sei se o dinheiro vem, pelo menos que seja construída uma escola primária no centro de Turquel. A escola atual, além de não estar já em bom estado, é pequena para tantos alunos. E uma escola deve ter um refeitório, uma biblioteca, um ringue… e ali não há espaço para isso. Mas há terreno na vila para a tal escola nova. As crianças têm de andar 300 metros a pé para ir almoçar ao Centro Social e Paroquial de Turquel e depois outros 300 para a escola. E quando chove, é o que imagina.

A freguesia tem conseguido assegurar postos de trabalho?
A crise do trabalho é em todo o país. Turquel ainda é uma freguesia que se vai aguentando. Há muitos desempregados porque há setores que foram afetados, como a construção civil e a pecuária. Mas depois a pedra vai funcionando mais ou menos. Turquel tem uma parte rural – fruta e vinhas – e outra parte urbana. E o emprego vai sendo mantido mais na parte rural. Os mais novos, que não têm trabalho, já não investem na terra e emigram. Os mais velhos vão ficando.

Em que medida é que o projeto da zona empresarial da Associação Empresarial do Sul do Concelho de Alcobaça pode contrariar essa tendência?
A zona empresarial é um projeto ambicioso. É difícil de concretizar… mas tudo é possível. Se for viável e concretizado, o projeto é ótimo para Turquel. Na minha opinião, esta é a melhor zona empresarial do concelho de Alcobaça: bons acessos, estradas direitas, com espaço… Tem tudo, só falta o dinheiro.

O que considera ser pilar de crescimento desta freguesia?
É a indústria. O povo de Turquel é guerreiro, trabalhador e não desiste à primeira. E com trabalho tudo se consegue. Há uma empresa de grande nível que será o maior empregador da freguesia, que é a Dimatur. Mesmo noutros setores, enquanto umas empresas fecham, nascem outras. Turquel é um povo trabalhador, todos se esforçam e todos dão a mão, quando é preciso.

A questão do Centro de Saúde está resolvida?
A parte clínica está resolvida. A da conservação do edifício, que está miserável, não. Se fosse uma obra particular a ASAE já a tinha fechado. Não está apetecível de lá ir alguém… Estamos à espera que a diretora administrativa faça alguma coisa. É uma grande preocupação da junta de freguesia. Aquilo não tem aspeto de um centro de saúde.

Concorda com a reorganização administrativa do território?
Penso que Alcobaça podia não perder tanta freguesia. Se houvesse consenso muito bem. Se não houvesse, devia haver mais respeito pela populações. Na primeira leitura, até Turquel ia desaparecer… Acabam cinco, mas podiam acabar só três ou quatro.

Ser autarca é gratificante?
É. Gosto de conviver com as pessoas, saber as necessidades delas e tentar resolver. Claro que muitas vezes não sou capaz mas é gratificante. Mais nada me envolve na política, além disso.

E vai haver recandidatura?
Não. Como cabeça de lista basta. Quem venha que tenha sempre o bom senso de receber bem as pessoas e mesmo que às vezes custe, que não é o meu caso, que continue a lutar por Turquel porque o povo de Turquel merece.

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