Uma pontífice

Afonso Luís
Bancário aposentado

Na passada semana o papa Francisco esteve hospitalizado durante quatro dias, com uma grave crise de bronquite. É sabido que Francisco é frágil, é doente, não tem parte de um pulmão. Teve alta, e logo residiu à celebração do Domingo de Ramos. Da sua homilia, toda ela cheia de humanismo, de amor por cada um de nós, destaco o seu apelo em relação à “indiferença” da humanidade. Agradeceu as nossas orações durante os quatro dias do seu internamento. Clarividente como é, chamou a atenção para o perigo de um político ou até de um papa que seja da ultradireita, acrescentando que a direita é sempre centrípeta. Revelou que o seu antecessor lutou até à morte contra os abusos sexuais na Igreja. Aqui, cabe lembrar o papa S. Celestino V, o primeiro a renunciar, por não conseguir na altura (1294) moralizar a Cúria, com as suas intrigas e golpes baixos. Bento XVI, o segundo papa a renunciar, não conseguiu acabar com os abusos e, provavelmente por isso, afastou-se também. Relembro o que escrevi no livro dos papas “De S. Pedro a Francisco”, a propósito da má vontade e da contestação de alguns membros da hierarquia católica em relação ao atual papa. Eles são os “Lefèbres” desta época, que atacam “um papa excecional, verdadeiramente sucessor de S. Pedro, e que poderá vir a ser considerado um dos mais notáveis da História”. Assim, “a Igreja parece à beira de um novo cisma. Esperemos que não.”
Na passada semana o papa Francisco esteve hospitalizado durante quatro dias, com uma grave crise de Bronquite. Isto passou ao lado da Igreja portuguesa. Pelo menos, no Patriarcado de Lisboa. Admito que na maioria das missas do fim de semana não se tivesse ouvido uma súplica, uma palavra sobre a doença de Francisco. Nem na oração dos fiéis… Na missa a que assisti foi assim. Perguntei a familiares e amigos que assistiram a outras missas, e também eles lamentaram a ausência de uma palavra dos celebrantes. É caso para questionar: quando o papa Francisco nos deixar para sempre voltamos a ter uma Igreja velha e bolorenta? Por mim, rezo para que tenhamos outro igual a ele.

Afonso Luís
Bancário aposentado

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