Uma questão de prioridades

A propósito da eventual construção do Parque Verde na cidade, parece que voltamos a só poder ser contra, ou a favor. A questão enquadra-se bem na dicotomia instalada na Cidade: não se vê capacidade política negocial para ajudar a resolver problemas urbanísticos como, por exemplo, na Rua D. Pedro V ou no gaveto das ruas Alexandro Herculano com a 16 de outubro (sejam ou não da esfera privada), mas queremos um hotel de luxo; as margens dos rios continuam por limpar, nem está resolvida a questão do Parque de Campismo, mas queremos um Parque Verde.
A análise das questões pela via do contra ou a favor só acontece pela absurda ausência de planificação estratégica, que não enquadra cada de investimento numa razão justificada e o mais consensual possível.
Sem ela, como justificar a um Munícipe da Benedita ou de Pataias que podemos gastar 5 milhões de euros num jardim e num Parque Verde, mas não há 1 euro para investir em zonas industriais que contrariem a deslocação de investimentos para concelhos limítrofes, onde encontram respostas e condições melhores do que no seu próprio Concelho?
Se eu sou contra um Parque Verde na cidade que habito e onde os meus filhos crescem? Claro que não.
Mas, por uma questão de prioridades, considero muito mais importante contrariar a razão pela qual os jovens, que saem do Concelho para frequentar o ensino superior, raramente voltam: porque não se tem sabido atrair investimento que crie emprego, fixe a população e gere desenvolvimento, aqui incluindo o retorno dos universitários. No entanto, se consultarmos a imprensa local dos últimos anos, logo ressalta que a resposta para a generalidade dos problemas arrancaria “para a semana”. E assim é tantas vezes, que acredito que ainda vamos a tempo de ponderar e rever as nossas prioridades de desenvolvimento. Nesta perspetiva, poderá a construção de um Parque Verde contribuir para alterar este estado de coisas e será este investimento de 2,5 milhões de euros uma prioridade para a Cidade ou o desenvolvimento do Concelho? Creio que não, porque continuando assim, sem conseguir fixar os nossos, como poderemos atrair os outros?

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