Uma visão alternativa

Sandra Lourenço Amaro
Geóloga

Conheceu-se recentemente o resultado do pedido de classificação feito à Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) sobre uma eventual classificação patrimonial da Quinta da Serra, no qual se diz que, apesar de não existirem elementos para uma classificação nacional, há valores patrimoniais que devem ser preservados. Prova disso é a recomendação à Câmara Municipal de Alcobaça (CMA) para “ponderação de eventual classificação como de interesse municipal”. Ou seja, em consequência de uma avaliação técnica aprofundada, percebeu-se que é desejável a preservação deste património em vez da sua demolição.

A CMA disse sempre que respeitaria o parecer da DGPC. Ora, a DGPC sugere “criar na Área de Localização Empresarial de Benedita (ALEB) um espaço memória evocativo da Quinta da Serra”. Ambicionando a CMA ter uma ALEB próspera e inovadora, a integração, que pode assumir várias formas, dará um claro sinal de diferenciação e o mote para a fixação de talento e mão de obra diversificada. Tendo como alicerces ao desenvolvimento da freguesia a preservação da memória e património da Quinta da Serra, algumas ideias passam por ali criar uma incubadora de empresas, um polo do IP Leiria, polo administrativo da ALEB ou zona de restauração, não esquecendo a polivalência económica, histórica e natural do local. A imagem que acompanha este texto, de John Burbidge, é mais um contributo, criando um espaço de lazer e permitindo a recuperação da escultura de José Aurélio, evocativa da Benedita industrial.

A população da Benedita percebe que não pode deixar que mais da sua história seja simplesmente destruída, apagada. Felizmente, vozes que eram contra a defesa deste património veem agora uma mais-valia na sua preservação. Como beneditenses, queremos conhecer, preservar e manter viva a nossa memória coletiva e que isso nos inspire para um futuro melhor e próspero. Por isso, juntos, apelamos mais uma vez à CMA que, em consequência das recomendações da DGPC, preserve o património da Quinta da Serra, em sintonia com a conclusão da ALEB.

Sandra Lourenço Amaro
Geóloga

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