Vamos armar a barraca no multiusos?

José Alberto Vasco
Escritor

Os festejos de Carnaval respeitaram novamente este ano a prática alcobacense de algumas décadas, que mais recentemente abandonou o garrido hábito da realização de corsos alusivos, passando a centralizar o evento numa tenda gigante, instalada em pleno centro histórico da cidade, subjugando a Praça 25 de Abril, onde devotados djs e bandas carnavalescas animam festivamente essas noites. O mesmo local tem também nos últimos anos acolhido celebrações de idêntico calibre, como a realização de concertos integrados na programação da Feira de S. Bernardo, atraindo multidões ao local e aos bares e restaurantes nele instalados. Assim tem subsistido a situação, pulsando entre a satisfação do público que tem gratuitamente aderido a esses eventos e do comércio cujas vendas deles beneficiam e o desagrado de munícipes que vivem nessas zonas e suportam os ofensivos volumes de som libertados, que muitas vezes violam as normas do Regulamento Geral do Ruído, bem como a petulante sujidade providenciada por muitos dos que acorrem àqueles acontecimentos, abandonando pelos cantos e recantos do nosso centro histórico latas, garrafas e copos de cerveja imundos, e, muitas vezes, o xixizinho e o vómito da ordem, não esquecendo alguns danos provocados no imobiliário público e privado da zona. Outra vertente do problema é o facto de, apesar dos enormes custos que o aluguer de palco ou tenda implicam ao erário público, estas festas serem organizadas sem cobrança de bilhetes ao público, contrariamente ao que há algumas décadas se vem fazendo com sucesso noutras localidades, que cobram preços de acesso que, embora simbólicos, desoneram os gastos públicos com esses eventos. Já com atraso face à sua necessidade, Alcobaça iniciou em 2021 a edificação de uma nova e importante infraestrutura, o seu Pavilhão Multiusos, cuja construção beneficiará a cidade e o concelho, dotando-a de um espaço multifuncional que permitirá a realização de grandes espetáculos, congressos, conferências, jogos, feiras, exposições, apresentações comerciais e outras iniciativas que nele se enquadrem, anunciando previamente uma lotação que poderá ir até aos 5.400 espectadores. Com inauguração ultimamente prevista para o decorrente ano, será certamente um espaço dotado de condições de isolamento acústico e controle adequados para a realização dos eventos que têm capturado o espaço em frente ao nosso Mosteiro, possibilitando também outras atividades inerentes e, eventualmente, a cobrança de bilhetes de acesso, desonerando em maior escala o contribuinte local. Aguarda-se reflexão e decisão política para concretizar a mudança, equacionando com a devida justeza os prós e os contras da presumível mutação.

José Alberto Vasco
Escritor

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