As eleições espanholas proporcionaram-nos uma situação curiosa, ao mesmo tempo que pudemos constatar um fenómeno agradável. A situação curiosa foi o falhanço das sondagens, o que vai acontecendo cada vez com mais frequência. A primeira ideia de que a Espanha virou à direita acabou por ser desmentida pela diferença mínima da vantagem do PP em relação ao PSOE. O fenómeno agradável foi a grande queda do VOX. De facto, alguns comentadores vêm chamando a atenção para o facto de alguns partidos da direita democrática estenderem a mão a partidos populistas, extremistas e xenófobos a fim de alcançarem o poder.
E isso é lamentável. Já aconteceu entre nós, na Madeira, onde o PSD sentiu necessidade de aceitar o Chega para formar governo. Aconteceu no consulado de Rui Rio, um verdadeiro democrata, o que surpreendeu muita gente. Em Espanha, esperavam-se inúmeras coligações PP/VOX nas diversas regiões autónomas, mas o resultado eleitoral do VOX esteve à beira da hecatombe. Assim, não se pode afirmar que de Espanha vêm só ventos agrestes. Está é criado um imbróglio, pois se o líder do PP, Feijóo, entende que pode formar governo minoritário, também Sanchez, o líder do PSOE e ainda primeiro ministro (que tem tido uma ação meritória) se pode arrogar o direito da formação de um governo de coligação com os partidos à sua esquerda. Esta seria uma solução semelhante à que António Costa forjou ao formar a chamada geringonça. Nessa altura, também Passos Coelho venceu as eleições, mas sem maioria absoluta, tendo o Parlamento chumbado o governo por si formado. O que se passa em Espanha é semelhante, mas não é tão linear, visto que há pequenos partidos na esquerda que são independentistas, e isso não deixa de ser um problema.
Vamos ter novas eleições? É bem provável.