Voltaram os profissionais da greve

Quando as televisões interpelam os utentes dos serviços atingidos por greves obtêm, em regra e infelizmente, respostas como esta, que registei há dias: “Sinto-me muito prejudicada, mas eu compreendo as razões que levaram à greve”. Se me fosse dado exprimir opinião, eu diria mais ou menos isto: “Não compreendo de forma nenhuma as razões de tantas greves que prejudicam, às vezes gravemente, os direitos das pessoas”. E acrescentaria: “Também a minha profissão (fui bancário toda a vida de trabalho) foi afetada pela crise desencadeada em 2008, ficando retidos os vencimentos dos bancários. E a verdade é que não consta que na Banca tenha havido greves.” Isso deve-se, não a uma superior consciência social dos trabalhadores, mas antes ao facto de se tratar de uma atividade privada. Ainda neste ano de 2019, os sindicatos bancários negoceiam há longos meses uma atualização de vencimentos, e os Bancos não estão dispostos a conceder mais de 0,7% de aumento. Significativo! Fossem os Bancos do Estado, e a esta hora já teríamos assistido a múltiplas greves, ou porque teríamos sindicatos dirigidos por um qualquer Mário Nogueira, uma qualquer Ana Aivola ou por outra individualidade do estilo. Pois é, no Estado é uma rebaldaria com as greves a sucederem-se: enfermeiros, médicos, funcionários da justiça, professores, por aí fora. São os funcionários públicos injustiçados relativamente aos trabalhadores do setor privado? De forma nenhuma. A inversa é que é verdadeira. Porquê, então tantas greves? Claro que a greve é um direito nas sociedades livres. Mas recorrer a esse direito constantemente, sem esgotar todas as formas de negociação e de conciliação, torna-se um abuso de que é vítima, invariavelmente, uma boa parte da população.

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