Um vento ruim sopra do outro lado do Atlântico. Ele, porém, foi prometido. Em regra, as promessas dos políticos, em campanha, são tudo menos terríveis. São promessas embaladoras, destinadas a galvanizar os eleitores, mas que lhes provocam, não poucas vezes, uma tremenda desilusão. O cumprimento de promessas eleitorais costuma esfumar-se quando o poder é alcançado. O político que cumpre, uma vez no poder, o que prometeu em campanha, seja ele um modesto autarca ou um supremo magistrado, é digno de apreço. O pior é quando as promessas são prenúncio de vento ruim, de catástrofe, como aconteceu com Donald Trump.
Sendo os Estados Unidos um país dominante do ponto de vista económico e bélico, as promessas do então candidato a presidente, Trump, pareciam desde logo aterradoras. Era o muro a separar a América do México, o fecho de fronteiras, o fim do programa Obamacare, a livre comercialização de armas para os civis, o reverter do acordo sobre o efeito estufa e alterações climáticas, a hostilização de grande número de países. Os confrontos já começaram: na União Europeia, na Palestina, no Irão, na China.
Como foi possível que um homem sempre com ar zangado e com pose ostensivamente ofensiva, tenha chegado a presidente do país mais poderoso do mundo? Os neurocientistas consideram que um grande número de pessoas sofre lesões na parte do cérebro que gera as emoções, muito embora continuem a ser absolutamente normais. Assim, a vitória de Trump não foi a vitória da razão, mas da emoção. Trump apelou sempre às emoções, tal como fazem os populistas europeus, Marie Le Pen e outros. “Há por aí muita raiva!”, gritava Trump. Seria bom que aprendêssemos, nesta velha Europa, com a trapalhada que está a ser este consulado. Seria bom que a razão prevalecesse à emoção. As manifestações estão aí, um pouco por todo o lado, e isso talvez ajude. Embora algumas importantes figuras dos Estados Unidos sustentem que o presidente será destituído mais dia, menos dia, o certo é que as terríveis promessas estão a ser cumpridas uma a uma. Com Donald Trump é assim: cada tiro, cada melro.