As cidades pós-Covid

Pedro de Sousa Santos
Splendid Time Consultores

Esta pandemia será um acelerador para toda a sociedade, provocando mudanças transversais, que são simultaneamente oportunidades e desafios.
O palco que hoje as cidades e os territórios ocupam gradualmente no contexto do desenvolvimento das nações e da Europa das regiões espelha a dinâmica atual e futura da cidadania, palco esse que a pandemia veio tornar ainda mais patente. Hoje, a organização, o planeamento, as novas tecnologias e a transformação digital, a sustentabilidade e a mobilidade, a economia colaborativa e de partilha e toda uma nova dimensão relacionada com as questões da segurança das cidades e dos cidadãos, são elementos incontornáveis que reforçam a centralidade do papel das municípios e que levanta a fasquia sobre o perfil do autarca do futuro, que se quer tão humano, como tecnológico. A implementação de inovadoras políticas públicas locais e regionais de dinamização dos produtos endógenos e autóctones é um reforço deste novo caminho, como é também uma oportunidade de reforçarmos a nossa identidade e torná-la um fator diferenciador e de competitividade.
A definição do propósito das cidades contribui para a competitividade das nações, para a inovação e para a mudança que muitos cidadãos precisam de ver nas suas vidas, como são igualmente a aplicação dos conceitos, como é a qualidade de vida, o bem-estar e a felicidade, passarem a ser mais que a linguagem de troca entre o município e o cidadão, passarem sim, a ser a linguagem comum partilhada entre todos na comunidade e entre as diferentes comunidades. O investimento local e regional essencial ao desenvolvimento dos territórios chegará à cidade, seja pela via do investimento privado ou público. Se o município conseguir por si mesmo introduzir e dinamizar uma gestão autárquica de inovação pela vias das exigências da descarbonização e da transição climática, da oferta regional de mais e melhor espaço público, da cocriação de zonas dedicadas a espaços de teletrabalho e de trabalho colaborativo (co-working/ co-living), com uma maior democratização e acesso privilegiado ao conhecimento, seja pela via da facilitação ao acesso à educação formal ou informal, como às conferências, workshops e/ou eventos, sendo este todo um novo ambiente inovador, um novo modo de estarmos e vivermos as nossas cidades, dando importância à mobilidade, devendo ir procurando e ir reduzindo todo o tipo de distâncias, integrando-as em plataformas mistas de transporte público e partilhado.
O comércio tradicional deverá apresentar uma vantagem competitiva em relação aos centros comerciais, como termos a capacidade de criarmos espaços públicos qualificados e inclusivos, onde os investidores e os promotores em sintonia com os municípios, poderão desta forma aproveitar sinergias nas áreas abandonadas e a necessitar de requalificações humanizadas e arquitetónicas. Assim, este novo caminho que é urgente ser contruído, deverá ser cada vez orientado para tornar as nossas cidades pontos de encontro e de saber dos cidadãos, de socialização e de inovação criativa, onde o conhecimento e o pensamento gerado pela própria comunidade é verdadeiramente compensador e eficaz, permitindo a implementação de estratégias municipais integradas e orgânicas de desenvolvimento, baseadas na cidade que se visita, onde se vive e também trabalha, numa sintonia humanizada, mas competente.

Pedro de Sousa Santos
Splendid Time Consultores

2 respostas

  1. Será o surgimento de um novo conceito de “proximidade”? Não sou grande “fã” da ideia das “Cidades 15 minutos”, mas venho defendendo a tese de que a proximidade no contexto-cidade se mede cada vez pela unidade tempo (minutos,
    por exemplo) do que pela unidade distância (metros, por exemplo).

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