Duas vezes parvos

Afonso Luís
Bancário aposentado

Recusar a vacina da COVID-19 é uma forma de considerar parvos (para não dizer estúpidos) todos aqueles que defendem a vacinação. São parvos os cientistas, são parvos os médicos, são parvos quase todos os governantes do mundo civilizado, são parvos os que se deixam vacinar. E estes parvos todos, a maioria da população mundial, chegam a ser parvos duas vezes: a primeira, quando se vacinam, e a segunda (caso de Portugal e muitos outros países) quando suportam, através dos serviços nacionais de saúde, os custos com os tratamentos dos não vacinados. É que, dizem as estatísticas, quase todos os casos de internamento em cuidados intensivos são de pessoas não vacinadas – e lá estamos nós, os parvos, a suportar os custos de forma coletiva. Por isso, o meu amigo Zé Carlos me dizia há dias: “Eh pá, tive uma ideia um tanto desumana, mas que tem uma certa lógica, e que é a seguinte: os indivíduos que recusam a vacina não deveriam ter direito a cuidados intensivos nos hospitais públicos, a não ser que suportassem as respetivas despesas”. Respondi que isso seria tão violento quanto tornar a vacina obrigatória. E aí, o Zé Carlos, com a sua proverbial sapiência, retorquiu: “Vacina obrigatória, nunca! O justo, e respeitando a liberdade individual dos negativistas, seria apenas vedar-lhes o acesso a locais públicos, cafés, restaurantes, espetáculos, locais de culto. Assim, seria também salvaguardada a liberdade individual dos vacinados”.

Sempre de argúcia apurada, sempre em forma o meu amigo Zé Carlos…

Afonso Luís
Bancário aposentado

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