Mais uma do Papa Francisco

Por altura do Natal, as televisões noticiavam que o Papa, nos votos da quadra aos seus cardeais, teve esta contundente frase: “Fazer reformas em Roma é mais difícil do que polir a esfinge do Egito com uma escova de dentes.” Vi e ouvi Francisco no pequeno écran a pronunciar a frase, e só não fiquei perplexo por duas razões: a primeira, porque o Papa de há muito nos habituou a um estilo verdadeiro e direto, e a segunda por ser evidente a afirmação. É evidente também que Francisco quer promover uma reforma no conservadorismo instalado no Vaticano, mas vai tendo enormes dificuldades em derrubar o luxo escandaloso, a pompa, o fausto, defendido por alguns cardeais, a começar pelo norte-americano Raymond Burke. Este cardeal tornou-se célebre por circular nos recintos pontifícios com um manto de tal forma comprido que necessitava de pajens para o seguir e proteger o manto. Foi afastado de alguns importantes cargos que exercia, designadamente no tribunal superior de Roma e daí a sanha em atacar o Papa Francisco. Renunciando aos luxos e à pompa excessiva, carregando as suas malas, pegando num telefone para falar diretamente às pessoas, o Papa terá escandalizado Raymond Burke e outros da sua estirpe. Da mesma forma que os pensamentos e as afirmações do Papa jesuíta escandalizarão muitos membros da Cúria Romana, tais como: “Quem sou eu para julgar?”;  “A Igreja deve sair ao caminho, encontrar as pessoas”; “Paredes de hospitais já ouviram preces mais honestas do que Igrejas”; “Pessoas que vivem segundos casamentos ou em união de facto podem viver na graça de Deus”; “Uma mãe solteira é uma mulher que teve a coragem de continuar a gravidez. E o que encontra, na Igreja? Uma porta fechada… isto não é zelo, é distância de Deus”. Este Papa, próximo das pessoas, não usa sapatos vermelhos, não aceita uma Igreja impenetrável, apenas acessível a alguns “eleitos”, cita com frequência os Evangelhos, está bem mais próximo dos ensinamentos de Jesus. Embora os seus antigos colaboradores entendam que ele fará poda e limpeza na Cúria vaticana, o certo é que enfrenta uma oposição brutal. Virá aí um novo cisma? Ou um novo concílio esclarecedor?

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