A Rainha D. Maria I assinou o Alvará da Estrada de Lisboa ao Porto, em 28 de março de 1791. Esse traçado ainda hoje visível na nossa região, a oeste da Serra dos Candeeiros, embora alguns troços sejam o IC2. O que resta dessa antiga Estrada? Ou antes, o que sabemos dos que à sua beira nasceram e/ou que se mudaram para nela viverem ou emigraram? Quem eram, como e onde trabalhavam e como viam o mundo em seu redor?
É essa aprendizagem que a Terra Mágica das Lendas pretende fazer, escutando os mais antigos ao longo da Rota Estrada D. Maria I / D. Maria Pia, que vai desde Rio Maior à Batalha, ao longo de Asseiceira, Alto da Serra, Benedita, Turquel, Évora de Alcobaça, Aljubarrota, Pedreiras e Calvaria de Baixo, dinamizada pelas Associações locais e/ou Juntas de Freguesia.
O dia 25 de março amanheceu nas 8 freguesias cumprindo o art.º XVIII do dito Alvará, que pede para «bordar a estrada de árvores próprias do terreno» e foi de novo ‘bordada’ com uma tília, uma nogueira e várias oliveiras, quase todas plantadas por nonagenários como Hermínia de 96 anos e Travaços, que fez 92 nesse dia. E há que aproveitar. Havia oliveiras em sítios de memórias, como no sopé da Capela de Turquel, no Jardim da JF nas Pedreiras ou à frente do Rancho Folclórico de Moleanos de Évora, cujos nomes nesta Rota ficaram ligados às respetivas oliveiras, homenageando quem se dedicou às suas terras. Em Moleanos de Évora, uma oliveira foi dedicada à Ti Branca, cozinheira das festas, e outra a José Ferreira Lourenço, cofundador do Rancho Folclórico. No Covão do Milho, a oliveira da esquina, em direção à centenária Capela da Serra feita por ‘José Sapateiro’ fica em sua lembrança. Houve discursos e cantares com instrumentos ou sem eles, e vozes que declamaram poemas, alguns feitos para o evento. A foto mostra a cerimónia da Tília em Moleanos de Aljubarrota. À tarde, na JF da Batalha, R. C. d’Azevedo, autor d ‘A Estrada de Rio Maior a Leira’ animou a Tertúlia sobre como se fez o mapeamento de Estrada.
Esta Rota potencializa ações intergeracionais, ajuda a compreender melhor a História Local e a Cuidar o Futuro. Acabou de nascer. Oxalá viva muitos anos…